Banja*

Author: Matheus Serva Pereira

Affiliation: ICS-Universidade de Lisboa

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Em dezembro de 1833, o comandante interino do quartel da feira de Manica, ao comunicar-se com o Governador de Quelimane e dos Rios de Sena, informou ter dificuldades em estabelecer contatos com os “filhos do país” por não compreender os significados das conversações quando da realização de “banjas de Rei e Príncipes” locais (AHU). O termo banja (plural mabanja), na língua Nyungwe (Martins, 1991), nos séculos XVIII e XIX, predominantemente na região central do atual Moçambique, era utilizado para designar uma reunião especificamente realizada entre chefaturas e lideranças africanas. Neste período, uma banja geralmente ocorria quando da necessidade da tomada de decisões importantes relacionadas ao comércio, a realização de uma ação belicosa (como uma revolta), ou por conta do estabelecimento de um encontro de caráter diplomático entre chefaturas africanas e autoridades coloniais portuguesas, sobretudo antes ou depois de um conflito. Durante o século XX, o termo continuou a ser empregue, mantendo o sentido de reunião entre chefias africanas com o intuito de promover e comunicar deliberações, solicitações e decisões às autoridades coloniais.

* Palavra com origem num idioma não dominante dos impérios ibéricos.

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REFERÊNCIAS

Dicionário
Martins, Manuel dos Anjos. Elementos da língua Nyungwe (Tete – Moçambique), Lisboa, Editorial Além-Mar, 1991.

Fontes
Ofício do comandante interino do Quartel da Feira de Manica, capitão, Severino de Almeida, ao governador de Quelimane e Rios de Sena, António Mariano da Cunha, 8 de dezembro de 1833. Fundo do Conselho Ultramarino, Série Moçambique (Avulsos), Caixa 263, Documento 64, Arquivo Histórico Ultramarino (AHU).

Bibliografia
Direito, Bárbara, Políticas coloniais de terras em Moçambique: o caso de Manica e Sofala sob a companhia de Moçambique, 1892-1942, Lisboa, Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais (Tese de Doutoramento), 2013.