REBELLION AND RESISTANCE IN THE IBERIAN EMPIRES, 16TH-19TH CENTURIES.

Acidia (ES) | Acídia (PT)

Author: Mafalda Soares da Cunha | Sandra Cristina Montoya

Affiliation: CIDEHUS-Universidade de Évora | Pontifícia Universidad Católica de Chile



Em 1611, Covarrubias definiu a acídia como um dos sete pecados capitais (Covarrubias 1611: 22, 2). Em 1726, dizia-se que era uma palavra de origem grega que migrou com a mesma grafia para o latim e que significa o mesmo que “flojedad y pereza” (RAE 1726: 52, 1). Explica que pode ser entendida de duas maneiras: como paixão natural da alma é uma das quatro espécies de tristeza; e como pecado é um “enfado, tristeza y sentimiento de los bienes espirituales opuesto a la charidad”. Esta falta de vitalidade adormece a vontade de lutar contra o mal e era, poresse motivo, considerada um pecado mortal. Até 1992, mantém esta mesma definição. Atualmente, a palavra não consta do dicionário da RAE. 

Em português o conteúdo semântico era semelhante. Bluteau considerou a acídia como “Hum dos sete peccados mortaes, a saber, preguiça, & negligencia, com que a alma se retira das cousas espirituaes, & divinas” (v.1, 89). Em 1832 foi definida por Silva Pinto como tristeza e frouxidão (1832: 18). A historiadora mexicana Sonia Corcuera de la Mancera explicou que em ambiente colonial a acídia aparecia como um dos pecados de uma lista oferecida aos índios pelos missionários para os preparar para o sacramento da confissão. A lista provinha do livro Tripartito de Juan Gerson, publicado na Cidade do México em 1544 (Corcuera de la Mancera 2012: 118).

O significado de tristeza, melancolia e de angústia é aquele que se relaciona com formas de resistência cultural. A historiografia sobre a aculturação forçada das populações dominadas, com particular enfase nos estudos sobre a escravatura, tem referido que a tristeza e a melancolia eram reações comuns à perda da liberdade e ao sofrimento devido às condições de vida e às mudanças culturais a que estavam sujeitos, levando-os por vezes ao suicídio.

Ver também Pereza (ES) | Preguiça (PT); Pecado (ES) | Pecado (PT)


REFERÊNCIAS

Dicionários
Bluteau, Rafael, Vocabulario de synonimos, e phrases portuguezas, Supplemento ao Vocabulário Portuguez e Latino, II, Lisboa, Patriarcal Officina de Musica, 1712-1728.

Covarrubias, Sebastián de, Tesoro de la lengua castellana o española. Madrid: Luis Sánchez, 1611.

Pinto, Luiz Maria Silva. Diccionario de língua Brasileira, Typographia de Silva, 1832.

Real Academia Española (RAE), Diccionario de la lengua castellana, en que se explica el verdadero sentido de las voces, su naturaleza y calidad, con las phrases o modos de hablar, los proverbios o refranes, y otras cosas convenientes al uso de la lengua [...]. Compuesto por la Real Academia Española. Tomo primero. Que contiene las letras A.B. Madrid. Imprenta de Francisco Del Hierro. 1726.

Real Academia Española (RAE), Diccionario de la lengua española. Vigésima primera edición. Madrid. Espasa-Calpe. 1992.

Bibliografia
Corcuera de la Mancera, Sonia (2012). Del amor al temor. Borrachez, catequeses y control en la Nueva España (1555-1771), Fondo de Cultura Económica, edición electrónica.