No passado Domingo à noite, dia 7 de Março, a Filomena Barros faleceu.Era professora no Departamento de História da Universidade de Évora há quase 20 anos, investigadora do CIDEHUS e membro desde a primeira hora da equipa da UÉVORA no projecto RESISTANCE (778076-H2020-MSCA-RISE-2017).

A sua morte foi totalmente inesperada. Teve lugar em casa e não esteve associada à actual situação pandémica, nem a qualquer doença conjuntural. Saberemos mais tarde a causa da morte. Para já, ficamos abatidos por uma enorme tristeza.

Creio que muitos membros da equipa do RESISTANCE se lembrarão dela. A Filomena Barros participou no Simpósio de arranque do projecto em Évora em 2018 e um ano depois no Simpósio que teve lugar na PUC em Santiago do Chile. Trabalhava sobre minorias nos séculos XV e XVI, especialmente as minorias muçulmanas e as suas diversas formas de resistência cultural e religiosa. Interessou-se mais recentemente por questões de género, dando voz e sentido às práticas sociais e às estratégias de vida de mulheres anónimas das minorias religiosas. O domínio da historiografia internacional e o profundo conhecimento das realidades presentes e pretéritas dos mundos islâmicos trouxeram-lhe reconhecimento internacional. A facilidade de expressão em vários idiomas, a par de uma vitalidade intelectual contagiante e de uma qualidade humana invulgar faziam da Filomena uma companhia estimulante para todos os que a conheciam. A sensibilidade às injustiças sociais e a sua inata capacidade de comunicação explicam o entusiasmo com que aderiu à agenda do RESISTANCE nacomunicação para grandes audiências. Nos últimos seis meses entregou vários pequenos textos que sairão brevemente, seja nos e-books, seja no livro em preparação sobre resistência e rebeldia no império português. A sua partida interrompeu esta colaboração, mas a sua presença entre nós será sempre lembrada com muita saudade.

9 de Março de 2021

Mafalda Soares da Cunha