REBELLION AND RESISTANCE IN THE IBERIAN EMPIRES, 16TH-19TH CENTURIES.

Insolente/insolencia (ES) | Insolente/insolência (PT)

Author: Ivone de Fátima Brito Monteiro

Affiliation: Universidade de Cabo Verde

https://doi.org/10.60469/88te-g512


Do latim, "insolens, entis" - insolente, insolentia -, em dicionários dos séculos XVIII/XIX, onde é, mais frequente, quer em português – insolente/insolência -, quer em espanhol – insolente/insolencia —, o termo alude um dito ou comportamento de alguém que se expressa com desrespeito, desaforo, atrevimento, arrogância, petulância, altivez, soberba, desprezo ou orgulho. Em espanhol significa aquele que atua com petulância, falta de vergonha, altivez, arrogância, orgulho, ostentação ou presunção. Ausente, entre outros, no Latinolusitanicum (1569-70) de Jerónimo Cardoso e no Thesouro (1697) de Bento Pereira, no Prosódia (1697), de Bento Pereira e no Vocabulario Portuguez e Latino (1712-1728), de Rafael Bluteau o vocábulo é amplamente usado (catorze e dezanove vezes, respetivamente), como algo dito sem razão ou feito de modo insultuoso - petulância/desaforo.

No Diccionario de La Lengua Española (1780) e no Diccionario de Autoridades (Tomo IV, 1734), RAE, insolência expressa “una acción mala y fuera de lo común – audacia, valentia – para hacer justicia”. A invasão a estâncias dos colonos espanhóis, com violência e perdas materiais, no Rio da Prata, a 16 de outubro, de 1749, quando «[…] los Indios Charrúas e otros infieles que habitan aquellos territorios ya robandoles continuamente los frutos y ganados ya quitándoles las vidas […] usurpándoles las mujeres e hijos con notable insolencia» e a afirmação do governador da Guiné, Honório Barreto (1843:6), em meados do século XIX, segundo a qual, os estabelecimentos estrangeiros vizinhos, na Senegâmbia portuguesa eram «(…) cercados por gentios mais ou menos insolentes, mas que geralmente dominam os Portugueses (…)», enunciam bem esse significado.


REFERÊNCIAS

Dicionários

Bluteau, Rafael. Vocabulario Portuguez e Latino, Corpus Lexicográfico do Português, 1712-1728, p.115. http://clp.dlc.ua.pt/DICIweb/LerFicha.asp?Edicao=1&Posicao=2614966.

Real Academia Española (RAE), Diccionario de Autoridades (Tomo IV, 1734). https://apps2.rae.es/DA.html.

Providências do Governador do Rio da Prata, para um ataque e cerco aos índios Charruas de forma a castigar os seus contínuos desmandos (1749). BNFJ, Coleção Pedro de Angelis. Antecedentes ao Tratado de Madrid, tomo VI. Divisão de Obras raras e publicações, 1955, p. 297.

BARRETO, Honório Pereira. Memória sobre o estado actual da Senegâmbia portuguesa, causa da sua decadência e meios de a fazer prosperar. Lisboa: Typografia da Viúva Coelho e Companhia, 1843, p. 6.