REBELLION AND RESISTANCE IN THE IBERIAN EMPIRES, 16TH-19TH CENTURIES.

Desagravio/Desagraviar (ES) | Desagravo/Desagravar (PT)

Author: Fernanda Olival

Affiliation: CIDEHUS-Universidade de Évora

https://doi.org/10.60469/4bj7-h361


A palavra agravo e a forma verbal agravar (do latim aggravare) já existia no século XIII, nas Cantigas de Amigo, segundo o CIPM. No entanto, o antónimo desagravo não aparece nas entradas principais do Tesoro de la lengua castellana de Covarrubias (1611), embora ele surgisse desde o séc. XIV em Portugal, de acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Com a investigação disponível está documentada em castelhano pelo menos desde 1406-11, “es necessário de se pagar, segund la ordenança del testamento, e para desagraviar los desagraviados”, na Crónica de Juan II de Castilla (1982: 73). Covarrubias regista apenas “Agravio, la sinrazon que se haze a alguno, y sin justicia (…) que vale agrauiar, y molestar, agrauiado el que recibe de tal molestia”.

Em 1647, é Bento Pereira (1605-1681), no seu Thesouro, quem melhor a define: “Desagravo. Relevatio injuriae”. Bluteau, no seu Vocabulário (1712-1728) usou-a cerca de nove vezes, em vários contextos, e define-a, junto com o verbo desagravar. Equivale a reparar o agravo, a injúria recebida. De notar que o agravo lesava a honra e, portanto, a reparação devia restituir esse crédito. Por isso, Bluteau definia desagravo nestes termos: “Desagravar alguem de huma offensa contra o seu credito (…) Desagravo da reputação offendida, da injuria que se fez ao credito” (1712). Um contexto frequente de uso no Antigo Regime eram os desagravos ao Santíssimo Sacramento, após algum desacato.


REFERÊNCIAS

Dicionários

Bluteau, Rafael, Vocabulario portuguez, e latino, vol. 10 Vols, Coimbra, Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712-1728. https://www.bbm.usp.br/pt-br/dicionarios/search/?q=desagravo+#m1894

CIPM - Corpus Informatizado de Textos Portugueses Medievais, CLUNL, 1993. https://cipm.fcsh.unl.pt/

Covarrubias Horozco, Sebastián, Tesoro de la lengua castellana, o española, Madrid, Luis Sanchez, 1611. https://apps.rae.es/ntlle/SrvltGUILoginNtlle

Pereira, Bento, Thesouro da lingoa portuguesa, Em Lisboa, na officina de Paulo Craesbeeck, & à sua custa, 1647.

Fontes
Crónica de Juan II de Castilla, ed. Juan de Mata Carriazo y Arroquia, Madrid, Real Academia de la Historia, 1982.

Sermon predicado en la solenne octava, qve la Congregacion del Santo Oficio celebrò en el Real Cõuento de S. Domingo, à los desagrauios de Christo ofendido en su Imagem / por el P. Fr. Francisco de Soria, de la Ordem del gran Patriarca S. Basilio Calificador del Santo Tribunal de la Inquisicion, En Madrid, Francisco Martine, 1633.